14 maio 2015

Conversando sobre o livro: Verme! (Parceria)

   Resolvi renomear esse post e não abordá-lo como uma resenha porque esse foi um livro tão complexo para mim, que eu não seria capaz em tratá-lo como igual à tantos os outros livros que leio. Quero que levem esse post como um post de conversação sobre as questões que o livro me fez levantar e sobre as tantas reflexões que tive. Vamos lá...


   Entre o fictício e o real, Rino Caldarola narra em primeira pessoa suas desventuras e desatinos em Porto Alegre, sua cidade natal. Inconformado pela escassez de inspiração e à procura de um lugar ao sol no cenário literário brasileiro, o protagonista é o reflexo das desilusões e dos anseios que atormentam uma sociedade cada vez mais conturbada e contraditória.
   Com uma narrativa insolente e exasperada, Rino constrói e defende seu espaço pessoal utilizando-se de ironia, arrogância e de um erotismo cru. Busca desvencilhar-se de sua mãe coruja e do seu bairro que outrora fora de classe média, mas agora se elitiza em nome do progresso. E, principalmente, luta para desembaraçar sua paradoxal maneira de pensar e ver o mundo.


Um pouco sobre a história do livro... 
   Rino é um aspirante à escritor que vive desde o seu nascimento em Porto Alegre. Não é tão difícil entender a história do livro quando tudo o que Rino nos relata é seu cotidiano e a forma como ele vê.
   Através de suas críticas à sociedade acompanhamos não somente o drama em que vive mas também a transição dentre um relacionamento e outro, como um homem bruto pode ser capaz de se manter íntegro quando se passa mais de longos oito meses com a mesma mulher... Como um escritor recorre às suas inspirações de modo desesperado e também como ele se sente em relação à escritores que só querem vender seus exemplares... E também acompanhamos como é a visão de uma pessoa considerada por todos como "sem sentimentos" e como enfrenta tudo isso.
   Enfim, Verme! é um relato imensamente filosófico sobre a nossa realidade e sobre pessoas que esperam um milagre sem ao menos levantar-se e ir atrás de seus objetivos.
   Todos nós temos parasitas dentro da gente, e no livro, conhecemos os de Rino. 

   Realidade... Se você parar para pensar, Rino é um homem como todos os outros em sua faixa etária, mas ao ler o livro há algo nele que te deixa incerto de sua igualdade. Rino tem longas e longas conversa com si mesmo e ao meu ver, ele é um verdadeiro estranho... ou não, porque de um lado temos a sociedade que faz com que as pessoas se tornem comunicativas (mesmo que à força), e de outro temos os "antis", que como exemplo cito Rino (ou até eu mesmo), que não dá a mínima para isso e que não deixa a pressão da sociedade entrar em sua cabeça por nada. Mas calma, ele não é rebelde e não sai por aí destruindo tudo com os fones estralando um rock no ouvido, não... O principal motivo do qual me identifiquei muito com Rino é porque em sua mente, a filosofia vem sempre em primeiro lugar. 

   Realidade pode ser tão boa quanto os livros de fantasia? 
   É certo que quando falamos em livros logo pensamos nos nossos queridos gêneros literários do qual nos fazem esquecer esse mundo - mesmo que por um segundo - e nos leve à uma aventura incrível proposta por determinado autor que nos tire bruscamente dessa galáxia e nos permite sempre ter uma válvula de escape... Mas e quando lemos um livro cujo sua base é totalmente nesse mundo ao qual usamos a literatura para fugir?
   Ao ler esse livro, essa foi a questão que mais me intrigou, porque a pergunta que continuo me fazendo é: a nossa realidade pode ser tão boa quanto livros de fantasia?
   Vejamos... Claro que sim! Há uma infinidade de temas dentro da nossa zona de conforto que pode ser explorada e resultando em uma obra incrível desde que mantenha a lógica dessa realidade. Mas o grande empecilho que nos trava a mente ao responder de primeira essa pergunta é devido a própria sociedade. Vou explicar... Você faz parte da sociedade certo? Então o que você acha da literatura da qual você mesmo gosta e faz de tudo para que o mundo a conheça? 
   Quando dizemos que fantasia é melhor do que a realidade, a primeira coisa que nos vem a mente é o nosso autor de fantasia preferido, e é nesse ponto que quero chegar: nesse determinado autor. 
   Sei que posso fazer algumas pessoas se sentirem ofendidas, mas essa não é minha intenção... 
   Em nenhuma situação ou nenhum momento fez você pensar que esse autor "estragou" a sua realidade e a fez torná-la tão ridícula somente pelo fato de que ele não seria capaz de construir uma história boa com base nessa realidade? E por isso ele usa a fantasia para ganhar a sua atenção? E pergunte a si próprio: você poderia imaginar esse autor escrevendo realidade? E você acha que o resultado seria bom?

   A literatura hoje... Eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, e nem te darei uma opinião técnica... Então se continuar lendo já saiba que aqui você vai encontrar a opinião de um blogueiro de quinta após ler um livro de intensa reflexão...

   Como anda o mundo literário hoje? Essa foi a pergunta que fiz ao terminar de ler esse livro e olhar para a minha estante e ver que ali, na  prateleira dos livros lidos, oitenta e cinco por cento dos livros eram de fantasia. Não, não considero isso ruim, mas é que Jim Carbonera me fez pensar que livros assim são a nossa droga, a nossa maconha, a nossa cocaína... da qual usamos para nos manter longe da realidade e que quando nos deparamos com a vida (ou com um livro assim) pensamos no quanto a realidade é significativa e que colocar os pés na fantasia não vão te ajudar em nada.
   Mas também isso não é culpa desses autores, porque querendo ou não, eles estão apenas fazendo o seu trabalho e enquanto tiver gente interessada na arte (independente da qualidade) sempre existirá o artista que ganha o seu pão dessa arte. A culpa é inteiramente sua (e minha também), porque somos nós quem damos a esses escritores o poder, somos nós quem tiramos do palco os autores que prezam  a filosofia humana como prioridade e não dão a mínima em quantos exemplares serão vendidos... Somos nós quem deixamos de lado o interesse do autor em nos fazer refletir e damos poder ao autor que simplesmente quer que compremos o seu exemplar para poderem continuar no mundo literário. 
   Em momento algum estou julgando o seu gosto literário e esses tais autores, até porque a maioria de livros que leio são os mesmos que você que acompanha o blog, mas o ponto que quero colocar é que se pararmos para pensar, chegaremos a conclusão que somos os culpados por tudo o que acontece dentro desse mundo, seja um papelzinho jogado na rua até o lançamento de um livro esperado e cobiçado por muitos adolescentes ao redor do mundo. E nessa situação, entramos para a filosofia de Rino: essa realidade de que você vive em ir a um lançamento de livro e depois de lê-lo sentir-se feliz com tamanha fantasia, já  não é boa o bastante quanto a própria fantasia que está lendo?
   Nossa que confusão, mas resumidamente: Verme é esse livro que é totalmente realista e compara-se à livros de ficção, podendo até superá-los.

   O livro em fases... Sabe quando o livro começa uma coisa e termina completamente diferente? É o que acontece com Verme. No começo parece aquela coisa mesquinha, de um homem ignorante que só pensa em si próprio, e no fim do livro ainda temos o homem ignorante que só pensa em si próprio, porém maduro, que sabe de todos os seus "defeitos" e ainda assim continua não dando a mínima para a sociedade e sim para os seus próprios pensamentos que tanto o torturam...
   Uma das coisas que mais gostei e pude reparar no livro são suas facetas... O livro é dividido em quatro partes: primavera, verão, outono e inverno. Ou seja, praticamente todo o ano de um ser humano... Mas não para por aí, essas partes não são por acaso e nem para ficar mais "bonitinho"... Pude perceber que dividir as fases do ano e colocá-las em um livro, a intenção de Jim era retratar um lado humano do qual todos nós temos em cada estação do ano.  Primavera, verão, outono e inverno... em cada uma dessas quatro facetas você irá se identificar com situações que irá descrever perfeitamente nossos lados e ao ler irá refletir de uma forma que nunca sequer tinha imaginado.

   Enfim, finalizo esse post desabafo com um grande super recomendo. Sei que esse post não pode ser considerado como uma "resenha padrão" daqui do blog, mas espero que esse meu texto opinativo faça despertar uma curiosidade em vocês para ler esse livro. Pontuação? Máxima!
Até mais Ledores!

2 comentários:

  1. Só o nome do livro já é bem sugestivo. Consumo livros com doses filosóficas, mas também livros de fantasia, confesso que se tratando da literatura nacional, tem muito o que melhorar, mas acredito que como você disse, não nos cabe julgar. Aprecio diversos tipos literários e tudo depende do meu humor...Parabéns pela resenha e pela parceria.

    CAFÉ COM LETRAS

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