20 fevereiro 2017

Filme: Diário de uma Adolescente (2015)

    São Francisco. O ano é de 1976. Minnie Goetze é uma adolescente de 15 anos que sonha em ser autora de história em quadrinhos. Ela é curiosa, não sabe absolutamente nada sobre o mundo e o poder que seu corpo tem. Ainda virgem, ela nos conta de uma forma inocente e pura o seu amadurecimento e dramas da transição pela qual está passando para se tornar mulher.
     Essa história pode ser normal na vida de qualquer mulher que já tenha passado por essa fase, exceto que Minnie passa a dormir com o namorado de sua mãe. 
      Cada vez mais envolvida sexualmente e afetivamente com seu padastro, ela passará a maior parte do tempo desenhando e contando ao seu diário sobre suas descobertas em relação ao sexo, drogas e o mundo.


    Ao parar para pensar, o filme era para ser pesado pelo seu tema polêmico, mas tudo foi feito de uma forma tão natural e clara que o resultado passa longe de ser um escândalo, dando assim ao telespectador, toda a responsabilidade de reflexão de como aqueles temas são importantes a ser debatido.
    O roteiro, trilha sonora e a fotografia são impecáveis, assim como as interpretações e o figurino, realmente fazendo jus à época em que o filme acontece... 
    No geral, é um filme com uma grande dose psicológica e uma pitada ainda maior de comédia. Ao assistir, você irá sentir a angustia dos personagens, sofrer junto com eles e se revoltar com tamanha bizarrice, mas também irá dar risada e sentirá uma onda de bem estar e de calmaria que o filme traz.


A adolescência não é apenas uma fase difícil de se viver ou compreender, também é um momento bem complicado de se transportar para a tela do cinema. Não é fácil transmitir o misto de ingenuidade e descoberta, de inocência e sensualidade, de anarquia e responsabilidade. The Diary of a Teenage Girl é uma obra irregular, mas que tem como principal mérito o desenvolvimento de uma protagonista complexa, fascinante e tridimensional. Adoro Cinema

Até a próxima Ledores!

09 fevereiro 2017

Resenha: Não Tão Primos

   Muitas coisas podem acontecer nas férias escolares de virada de ano letivo, e não seria diferente para Bernardo, um adolescente gay de 15 anos que sofreu agressões originadas de bullying justamente por sua orientação sexual.
   Tudo começou quando conheceu Matheus, um deus grego nadador por quem se envolveu e deu seu primeiro beijo. Tudo foi mágico e perfeito até os amigos de Matheus verem os dois juntos, tirarem suas próprias conclusões e começarem a boicotar o romance.
   As “brincadeiras” verbais chegam ao ápice quando ele é humilhado agredido em meio ao shopping, tornando o resto de suas férias um verdadeiro filme de terror.
   Mas as aulas estão recomeçando e ele terá que voltar para a escola e enfrentar os olhares de piedade e julgamento de todos os alunos, e, o pior: terá que conviver com seus agressores como se nada tivesse acontecido.
   É insuportável cada momento dentro daquela escola. Mesmo com sua melhor amiga Gabi, ele se sente deslocado e angustiado por estar ali, mas a notícia de que seu primo Gustavo está chegando na cidade e irá morar com ele, o deixa mais feliz, afinal, nem são tão primos assim. 
   Logo que Gustavo chega, o clima surge e antes que perceba, Bernardo já esta perdidamente apaixonado por ele. Mas uma coisa o perturba internamente: seus sentimentos ainda nãos resolvidos por Matheus.
   Formado o “triangulo amoroso”, iremos acompanhar os dramas pelos quais Bernardo está passando e ver de perto um adolescente descobrindo o mundo e a si próprio, navegando entre seus pensamentos e sentimentos.


   Pegue sua roupa de banho, faça uma limonada e corra pra beira da piscina pra ler o livro, porque como as pistas na capa, é assim como ele deve ser lido: com seus óculos de sol, em uma sombra fresca e entrando no clima de verão da história.
   O livro começa com uma história clichê, dando aquela sensação de que já vimos isso em algum lugar, mas logo depois de algumas páginas já ficamos aflitos e angustiados com a tensão causada pelo preconceito sofrido pelo protagonista. O autor nos descreve de forma precisa e nos coloca na pele de Bernardo para saber como ele se sentiu ao ser discriminado por ser quem é.
   A história é narrada para o leitor em primeira pessoa, com prioridade em descrever os sentimentos do protagonista, o que torna a leitura mais fluída, já que lemos as palavras como se estivéssemos lendo seus pensamentos. Assim como a angústia, o autor deixa nítido a confusão em que o personagem se encontra.


   O autor usa a reviravolta para prender o leitor e poder reinventar sua história para fazer com que as possibilidades de outros caminhos sejam criadas. Uma tentativa de fugir do triangulo amoroso adolescente que deu certo, já que a partir dessa reviravolta o livro desperta o sentimento de carência e admiração em personagens dos quais com certeza você irá se identificar.
   Não é de minha preferência ler romances infanto-juvenis, mas me senti conectado ao ler o livro por retratar uma parte da minha vida: a sexualidade. É necessário termos mais livros como esse, que falam sobre como deve ser considerado normal qualquer tipo de amor, sobre como o preconceito tem um impacto enorme na vida de quem sofre, sobre como pode ser difícil a própria aceitação, enfim... O livro levanta questões que são de extrema importância pra sociedade e que devem ser faladas e refletidas.
   Talvez o único ponto tenha me incomodado na leitura e que gostaria ressaltar aqui na resenha, foram os erros de edição e impressão. Não foram muitos, em alguns parágrafos a frase pulava para outra linha repentinamente me atrapalhando e interrompendo o ritmo de leitura.


   Como todo o livro, "Não Tão Primos" tem seus altos e baixos, suas calmarias, suas reviravoltas e principalmente a perspectiva íntima do autor. Mas no geral, é um bom livro e me envolvi com a leitura. Gargalhei assim como senti na pele as angustias do personagem e, no final, percebi que Bernardo se tornou um amigo para mim, do qual em uma tarde de verão vou poder recorrer e reviver os momentos que passamos juntos.

Até a próxima Ledores!