17 junho 2013

Resenha: O Diário de Helga

      Após ler o Diário de Anne Frank, me interessei bem mais pelo assunto de Segunda Guerra Mundial e por recomendação total da Natália Alves (do blog just-books) resolvi ler O Diário de Helga, e não me arrependi nenhum pouco. Apesar de muito sofrimento, é um livro ótimo!

"Helga era ainda apenas uma criança quando foi levada para Terezín, um campo de concentração na Tchecoslováquia. Aos oito anos havia começado a escrever um diário, que ainda mantinha aos onze quando teve que deixar Praga com o pai e a mãe. É este diário, no qual ela continuou escrevendo nos anos em que passou em Terezìn antes de ser enviada a Auschwitz, que o leitor tem a oportunidade de ler agora, graças a um tio da menina que conseguiu escondê-lo até o fim da guerra."

      Considerei que o livro é dividido em três partes:
      Praga - Aqui nessa primeira parte do livro temos uma Helga pré-guerra onde ela realmente escreve o diário.
Morando ainda em sua própria casa, ela relata a sua visão diante de onde se iniciou a perseguição contra os judeus e como foi sua rotina após isso. Sem saber o que vai acontecer de sua vida, ela nos mostra o medo de ser separada da família, sofremos a angustia junto dela. Ao ler o livro todo, quando chega no final, percebe-se o quanto a Helga daqui mudou, amadureceu. 

      Terezín - A coisa começa a realmente ficar tensa. Depois de em Praga, Helga ter vários amigos, familiares e conhecidos chamados para as transportações, enfim ela e sua família também são chamados. E nisso, ela sequer imagina qual seu futuro. Acompanhamos com ela a dúvida para onde irá e a sua tensão esperando o que está por vir. Com a chegada ao campo, Helga percebe que não é tão ruim assim, otimista em meio a todos esses fatos acontecendo, ela faz amigos e até um namorado.

      Auschwitz - Nesse campo, a situação era bem pior, o trabalho mais duro e havia menos comida. Assim na chegada, Helga mentiu sua idade para ficar ao lado de sua mãe, o que a a ajudou muito, por os selecionados para o "outro lado" era mandados diretamente para a morte, e Helga acredita que é pra lá que seu pai tenha ido. Essa parte do livro é a mais cruel, e até pensei que seria melhor se a jovem estivesse morta. Ela sofre demais, assim como todos a sua volta. Com total descrição ela nos relata a fome, a pior sensação existente.

      Diante ao relato de Helga em dificuldades, a torturas, a fome e a condições precárias, o que mais me emocionou no livro foram os simples fatos, os do cotidiano. A menina falando sobre as amigas, sobre seu aniversário, sobre o que conseguiu juntar para presentear a mãe no Dia das Mães, ou o seu namoro com um cara no campo de concentração. Ela te faz pensar que em meio a tudo isso, ainda há humanidade por trás de um corpo sofrido. Uma lição de vida, após ver tudo o que Helga e tantos outros judeus passaram durante a guerra, os nossos problemas do dia-a-dia parecem tão pequenos e insignificantes! 


12 junho 2013

Especial: Anne Frank

   Há exatamente 84 anos atrás, nascia Annelisse Marie Frank, uma entre o total de 1 milhão de crianças judias assassinadas durante o Holocausto. Nascida a 12 de junho de 1929 em Frankfurt, Alemanha, segunda filha de Otto e Edith Frank.



   Ainda na infância mostrava um grande talento para a leitura e escrevia frequentemente, embora não permitisse aos outros que lessem e se recusasse a discutir o conteúdo da sua escrita. Ela se considerava uma pessoa com opinião, já que sonhava em se tornar uma grande escritora e não viver somente em função de uma vida doméstica.



    Em 1933, chega ao poder Hitler, já conhecido por suas causas. Edith e Otto Frank, compreendem que o seu próprio futuro e o das filhas estava fora da Alemanha. Por isso fugiram para a Holanda nesse mesmo ano; Anne tinha então quatro anos.

(Anne Frank e sua irmã, Margot Frank)

   Durante sete anos levou uma vida despreocupada na relativamente segura Holanda. Mas a Alemanha ocupa o país em 1940, pondo fim à segurança que oferecia. O governo de ocupação começou a perseguir os judeus através da aplicação de leis restritivas e discriminatórias. As medidas anti-semita limitavam cada vez mais a vida dos Frank.
(Margot, Otto, Anne e Edith. A família Frank)


    Quando Anne completou 13 anos de idade, ganhou um caderno para diário, encapado com tecido xadrez vermelho e verde e fechado por um fecho simples, sem chave. Nesse mesmo dia ela escreveu: 

"Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda." (12 de junho de 1942).



    Ainda em 1942, começaram as deportações para os supostos campos de trabalho. Durante a primeira semana de julho, Anne e sua família esconderam-se em um apartamento ao qual Anne se referia em seu diário como o “Anexo Secreto”.

(Vista do anexo pelos fundos, o prédio mais alto. O anexo fica no terceiro e quarto andar)

   Durante o tempo em que ficou escondida, junto com seu diário, Anne começou a relatar o cotidiano no esconderijo onde vivia com os pais, a irmã e mais quatro pessoas. No qual registrava seus diversos sentimentos e como qualquer adolescente, ela descobria sua sexualidade em uma breve fantasia com Peter, outro garoto escondido no anexo. 

"Não poder sair me deixa mais chateada do que posso dizer, e me sinto aterrorizada com a possibilidade de nosso esconderijo ser descoberto e sermos mortos a tiros"escreveu Anne.


(Imagem original do diário)


   Mas ela não perdia a esperança. Queria ser escritora. Por isso, em 1944 ainda no anexo, começou a revisar e reescrever o diário, para uma futura publicação como cartas a uma amiga imaginária, Kitty.



   Na manhã do dia 4 de agosto de 1944, a Gestapo, Polícia Secreta alemã, o esconderijo foi descoberto após receber uma denúncia anônima, e ficaram numa prisão em Amsterdã até o dia 8, quando foram transferidos para Westerbork, campo de triagem para judeus no norte da Holanda. Em 3 de setembro, foram deportados para Auschwitz (Polônia).
   Anne e Margot, sua irmã, foram separadas dos pais e transferidas para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Ambas morreram de tifo em março de 1945, poucas semanas antes das tropas inglesas liberarem o campo, em 15 de abril de 1945.


   O único sobrevivente foi Otto Frank, libertado pelo exército russo e repatriado para Amsterdã, onde recebeu o diário, protegido por Miep Gies. Ele dedicou-se a espalhar as mensagens de sua filha até morrer em agosto de 1980. O livro foi publicado em diversas línguas após o fim da guerra, e ainda é usado em milhares de escolas europeias e norte-americanas. Anne Frank tornou-se o símbolo da perda do potencial de todas as crianças que morreram no Holocausto.



      "Cerca de dez anos depois do fim da guerra, vai parecer esquisito quando se disser como nós judeus vivemos, comemos e conversamos aqui. (...) Não quero ter vivido inutilmente, como a maioria das pessoas. Quero ser de utilidade e alegria para as pessoas que vivem à minha volta e para as que não me conhecem."
Escreveu Anne em seu diário, de certa forma profeticamente.