18 fevereiro 2016

Filme: Precisamos Falar Sobre o Kevin


   Sinopse: Eva mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin, com quem teve dois filhos: Kevin e Lucy. Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando e mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.

   Eva vive um belo romance com Franklin até descobrir que está grávida. Isso não era o que ela esperava para o momento em que estava vivendo e por isso a mudança se tornou ainda mais drástica. Logo quando o menino Kevin nasceu sua mãe de primeira viagem logo percebeu uma antipatia com a criança, fazia de tudo para agradá-lo, mas infelizmente e não conseguindo criar uma conexão com o menino, e isso só foi piorando com o seu crescimento, tornando-se mãe e filho rivais.  
   Assim que sua segunda gravidez é descoberta sua vida já se encontra em um caos: aterrorizada pela mente tão perturbada e cruel de seu filho que ainda nem chegou aos seus dez anos; seu casamento se desgastando lentamente por causa da pressão psicológica que ambos estão vivendo com a suposta “má criação” que Kevin está recebendo; e a pobre menina Lucy que terá que nascer e crescer em meio a tantas perturbações.




   Em Precisamos Falar Sobre o Kevin, temos grandes conflitos e tensões psicológicas planejadas e colocadas estrategicamente ao longo do filme em um vai e vem de cenas e flashbacks, se tornando assim difícil comentar sobre a história do filme quando a sua sequência não tem uma linha de tempo crescente, mas o enredo central e suas características peculiares já nos mostra uma grande intensidade da qual o filme se trata.
  Logo nos primeiros minutos do enredo, já sabemos que algo muito trágico irá acontecer e ficamos com instigados com o mistério de saber o quê, pois cada personagem tem suas respectivas falas tão bem trabalhadas e encenadas que você se envolve com a história e acaba se surpreendendo a cada minuto conforme os personagens vão se revelando.


   Apesar do exagero em cenas chocantes de crueldade, temos a impressão que o filme em si está longe de ter sido produzido apenas para “chocar” o telespectador, nos passando uma constante tensão sobre uma péssima relação entre mãe e filho e como isso pode afetar toda a família. Sua principal mensagem é que a nossa personalidade vem de acordo com a nossa criação, de como ao longo do crescimento vamos adquirindo instintos das pessoas que estão a nossa volta e como colocamos esses instintos em prática, seja instinto bem ou mau.
   Muito além de ser um filme que se trata de problemas domésticos e familiares, ele traz para as telinhas em forma de terror psicológico, a reflexão de que até nós mesmos estamos sujeitos a sofrer com tais angústias e crueldades e de ficarmos confusos sobre como agiremos em determinadas situações da nossa realidade.



   Com uma fotografia incrível e atuações maravilhosas, se tornou um dos filmes com mais impacto que já vi na vida.
   Psicopatia, depressão, bipolaridade, etc... Esse filme é um prato cheio para estudantes de psicologia e está na lista de filmes indicados para o tema, criado pelo site “Passei Direto”!

   Comentário pessoal: Particularmente, tanto mãe e filho eram propensos a sofrer de distúrbios psicológicos. No filme Kevin deixa claro que “se ele é cruel, foi porque aprendeu com a mãe” e em partes isso é até considerável justo porque às vezes ela se mostrou tão fria que de uma forma acabou “desistindo” de lutar pelo carisma e amor de seu filho, e pode ser que ele tenha feito tudo o que fez para poder atingi-la.

01 fevereiro 2016

Resenha: A Casa do Céu


    Baseado em uma história real, o livro nos conta com extremos detalhes toda a trajetória de Amanda Lindhout desde a infância até o seu auge de sucesso, ao ser sequestrada, torturada e estuprada. 
   Tudo começa ainda na infância quando Amanda tem uma família turbulenta e problemática: o pai saiu de casa se assumindo homossexual para ir morar com outro homem; sua mãe sempre escolhendo péssimos namorados e sendo agredida por alguns deles; seus irmãos perdidos e procurando em Amanda o “afeto” que eles não recebem dos pais... Enfim, na primeira oportunidade ela sai de casa para viver como quer e fugir dessa turbulência que tanto a sufoca. 
   Ela acaba de completar dezoito anos quando muda de cidade e vai morar com o seu namorado tentando buscar algo mais para sua vida, mas as dificuldades só estão começando, pois ela começa a perceber as dificuldades de uma vida adulta quando as responsabilidades e despesas começam a bater em sua porta. 
   Ela encontra sua fonte de ouro quando é contratada como garçonete em um bar de luxo na cidade e começa a economizar as imensas gorjetas com uma ideia de sair para conhecer o mundo, e logo após ter uma quantia razoável ela e o namorado arrumam suas mochilas e embarcam em suas primeiras viagens, mas o namoro não dura muito, pois ele não consegue acompanhar a empolgação de Amanda e a deixa livre para suas descobertas ao redor do mundo. 
   É uma dessas viagens que ela tem sua vida mudada drasticamente.
   Sua nova realidade consiste em usar o dinheiro que ganha nas viagens para bancar ainda mais viagens, isso porque ela passou a usar os relatos e imagens como forma de trabalho passando a escrever para pequenos jornais no seu país natal contanto todos os detalhes sobre os países em que embarcava, sobre as diferentes culturas, sobre como cada país tem as suas características, sobre como as pessoas são extremamente diferentes... Enfim, sobre a diversidade que ela encontra ao visitar vários países. 
   E é quando chega a Somália que atinge seu ápice de loucura, porque acaba de pousar em um país considerado um dos mais perigosos do mundo. Ela se depara com um povo rigidamente religioso e intolerante quando se trata de estrangeiros, tendo assim um choque imenso de cultura. 
   Depois de alguns dias de visitações cuidadosamente feitas, ela e Nigel – seu companheiro de viagem – são as vítimas de um sequestro “comum” naquela região. Já que o país é extremamente pobre e sem renda, alguns grupos religiosos surgiram ao ver oportunidade de ganhar dinheiro com estrangeiros realizando sequestros e cobrando diretamente do governo quantias grandiosas pela liberdade de seus reféns. 
   A partir daí, ela irá nos contar detalhadamente tudo o que passou enquanto estava sendo mantida como prisioneira sofrendo torturas, humilhações, estupros e agressões diárias. 

   Ao terminar a leitura desse livro, me vi surpreso pela conexão que criei com a história e maravilhado com o conhecimento que ele me proporcionou. Com absoluta certeza, ele foi uma das melhores leituras do ano de 2015 ~se não a melhor~ porque simplesmente foi um livro extremamente chocante mas que a cada página transparece uma mensagem incrível sobre a liberdade e esperança humana. Traz-nos grandes reflexões e críticas sobre o nosso mundo hoje e sobre como a diversidade pode causar um choque intenso entre culturas. Fiquei sem palavras para me expressar e até mesmo hoje ao escrever essa resenha (meses depois de ter lido o livro) ainda não encontrei as palavras certas para definir o quão intenso esse livro é e quantas emoções e revoltas ele causou em mim.
   Sem sobra de dúvidas, quando me pedirem uma indicação de leitura esse será um dos primeiros que virá em mente. Até mais Ledores!