21 setembro 2015

Resenha: Ratos

Sinopse: Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina... Até mesmo os ratos têm um limite.

RESENHA
   Nessa história temos duas personagens extremamente submissas e praticamente sem voz alguma pra se defender. Shelley é uma garota com quinze anos que já sofreu muito na escola... Era uma vítima de bullying pesado e isso levou a jovem a abandonar a escola e passar a ter aulas em casa. Temos também sua mãe acaba de se divorciar com o pai de Shelley após ver o seu casamento ir por água abaixo, e sem muitas condições em permanecer no mesmo estilo de vida, as duas são obrigadas a procurarem uma nova moradia. 
   Para o agrado delas encontram a casa perfeita, afastada da cidade onde podem se esconder do mundo real, podem omitir suas opiniões e viverem como ratos. Mas a situação muda quando as duas se vêem em uma situação onde se quiserem viver, não podem agir ser submissas e aceitarem tudo caladas. No meio do nada e sem vizinho algum, um ladrão entra na casa armado e as aterroriza cruelmente.


    Enrolei tanto pra ler esse livro e quando comecei não tinha expectativa alguma, mas por fim acabei me surpreendendo com a trama que o autor criou.
   Um livro intenso e chocante do começo ao fim, não só por se tratar de como o bullying pode mudar drasticamente a vida de uma pessoa, mas sobre como a violência em si pode trazer o pior lado da humanidade quando chegamos aos nossos limites. É uma imensa reflexão pessoal sobre até que ponto aguentamos certas coisas e determinadas situações sem mesmo nos defender?
   A estrutura da história é simples, porém o enredo e personagens são tão fortes que você fica colado ao livro e sente a angustia da trama a cada página.
   Assim como sua história, Ratos é um livro que irá se revelar aos pouquinhos e tornando a sua leitura cada vez mais instigante, e se prepare para grandes mudanças, porque é impossível chegar ao final do livro com os mesmos personagens do qual você conheceu na primeira página.
   Particularmente o livro me deixou inquieto e sem palavras em muitos aspectos do qual só quem ler irá entender, portanto é um livro mais do que recomendado para quem gosta de drama onde os limites psicológicos e a crueldade são os temas principais. Merecidas 4 estrelas!

Espero que tenham gostado e até a próxima Ledores!

14 setembro 2015

Um ledor atarefado


   Ah, como é difícil ser um ledor tão atarefado. Um ledor que acorda às seis horas da manhã de segunda à sexta pra ir trabalhar, fazer os seus deveres e ter uma vida social. 
   Não há ledor que não reclame pela falta de tempo para abrir o seu livro e se deliciar com a leitura do momento, mesmo que aquele virar de páginas dure apenas alguns minutinhos do seu dia corrido. Uma página entre um intervalo aqui, outra página na fila do banco ali e por aí vai... A cada momentinho livre do dia é uma oportunidade para entrar no seu mundo fantástico e fazer daquele tempinho uma imensa aventura.
   Que ledor nunca se pegou rindo com um livro aberto na fila do mercado, ou que ledor nunca parou naquele departamento de livros de um mercado e ficou cheirando, folheando e desejando ter aquele livro em sua estante?
   Pela falta de tempo, nós ledores às vezes nos perdemos em meio a tantas "tarefinhas" do dia a dia que são tão simples, mas que se tornam monstros selvagens que nos fazem ficar longe dos nossos tão queridos livros... 
   Mas depois de um dia tão corrido e tão cansativo, nos vemos na seguinte situação: vinte e três horas, deitados e o livro na cabeceira nos chamando para ser lido. E mesmo morrendo de sono e com os olhos fechando-se contra nossa vontade, não resistimos e pegamos o livro com tanto carinho quanto uma mãe pega o bebê em seu berço. Nós acolhemos aquele livro sem mesmo pensar no quanto esperamos àquelas horas de sono, e o abrimos...
   O que vem depois dai? Nós ledores sabemos de cor e salteado. 
   A partir do momento que abrimos o livro nos esquecemos do dia turbulento e de todo o cansaço em que tivemos, embarcamos profundamente naquela aventura e entramos naquele mundo de cabeça. E por alguns minutos antes de pegar no sono, somos outras pessoas, vivemos em outro mundo, enfrentamos longas aventuras, somos corajosos para enfrentamos os vilões, lutamos contra enormes monstros e até vivemos um romance épico que nos faz chorar... Mas aí... Fechamos o livro e olhamos rapidamente para o relógio, e vem o apavoro, já são altas horas da madrugada... E por obrigação, fechamos o livro e colocamos nossa cabeça no travesseiro. 
   A história ainda está viva na nossa mente e até pegarmos no sono, vamos viver e reviver inúmeras vezes as cenas que acabamos de ler...
   E o dia amanhece novamente, o relógio desperta seis horas e mais um dia está por vir. Escovamos os dentes, arrumamos nossas coisas e partimos para mais um dia... 

Mas é claro, sempre acompanhado pelos nossos melhores amigos.


01 setembro 2015

Filme: Não Aceitamos Devoluções

   Sinopse: Valentin sempre levou uma vida despreocupada no México, saindo com várias mulheres e alternando entre pequenos trabalhos. Um dia, uma mulher bate à sua porta e lhe deixa um bebê, dizendo ser sua filha. Apesar da surpresa inicial, Valentin se muda para os Estados Unidos e cria a pequena Maggie durante vários anos, tornando-se um homem responsável e encontrando um emprego fixo como dublê em filmes de ação. Seis anos mais tarde, a mãe de Maggie reaparece, com a intenção de levar a filha de volta com ela.

   Que filme incrível!
   No comecinho a gente vê aquela coisa descompromissada e totalmente cômica de um homem que vive apenas para seus desejos sexuais e não dá a mínima para qualquer responsabilidade, mas quando a ideia de ter uma filha bate a sua porta, vemos o começo de uma história incrível e com um final de tirar o fôlego (e lágrimas).
   Ao longo do filme vemos a evolução e construção do amor paterno e como isso afeta um pai desnaturado, sua concepção sobre o que lhe foi ensinado e o que deve ensinar, e isso o assusta ao ponto de não saber o que fazer...   



   É injusto dar atenção somente à um momento ou personagem quando temos um filme tão repleto e tão cheio de temas delicados que no final todos são tratados como uma só parte do cotidiano.
   Vale muito a pena ressaltar a comédia moderada do filme como fator extremamente positivo, que em nenhum momento tirou a originalidade e a emoção dos momentos de drama, assim como vale apontar o mesmo drama que nos traz um clichê tão leve que nos surpreende e nos tira algumas lágrimas. (ou se você for como eu, muitas lágrimas)
   De uma maneira geral, particularmente o filme me trouxe uma grande reflexão sobre os valores da vida e a sua realidade; sobre como cada pessoa é única e tem o seu modo de lidar com o mundo; sobre como o amor pode mudar uma pessoa e principalmente sobre como a vida pode te surpreender mesmo quando você acha que sabe tudo.
    Filme mais do que recomendado!


Até a próxima Ledores!